quinta-feira, 19 de maio de 2011

Tudo sobre Amplificadores de Guitarra

História do amplificador
Os primeiros amplificadores surgiram nos anos 20 e empregavam válvulas de rádio e a tecnologia hi-fi da época. Conforme a guitarra elétrica foi se tornando popular, nos anos 50, surgiram os primeiros amplificadores especiais para esse instrumento, cujos modelos combinavam amplificador valvulado com um ou dois alto-faltantes de 12 polegadas. No final dos anos 60, a moda era os amplificadores de potência elevada, com sistemas de grandes caixas de som independentes. Nos anos 60 surgiu a tecnologia solid state, mais barata, com os transistores substituindo as válvulas. Porém, os amplificadores valvulados ainda são os preferidos de muitos guitarristas profissionais.
A fender introduziu sua linha de transistorizados em 1967 e a descontinuou em 79. A Vox também mudou toda sua linha para transistor e quase desapareceu. Os guitarristas da época não demoraram a se rebelar contra a novidade e a primeira geração de transistorizados sumiu tão rápido quanto apareceu. Mas será que os desrespeitados e odiados transistorizados são tão ruins assim? Com o tempo, fica difícil encontrar válvulas, no mercado e os fabricantes passaram a concentrar seus esforços em desenvolver os confiáveis e baratos amps transistorizados de hoje, que oferecem timbres interessantes. De cada valvulado vendido, três transistorizados encontram um lar.
A maioria dos timbres bonitos que ouvimos em discos, novos ou velhos, é conseguida com valvulados, mas os transistorizados melhoram a cada dia. E mesmo o mais fiel amante das válvulas teria dificuldade, num teste com olhos vendados, de diferenciar entre um bom e moderno amp transistorizado de um equivalente valvulado. Os solid-state usam transistores no lugar de válvulas nas fases de pré-amplificação, amplificação e geração de força para o reverb. Já os amps híbridos utilizam uma válvula (12AX7) na fase de pré-amplificação (responsável pela modificação do timbre que vem da sua guitarra). Isso seria o ideal se a fase de pré-amplificação também não fosse responsável pelo timbre final do amp.
O timbre é uma questão de gosto pessoal, mas existem algumas áreas musicais em que a precisa e controlável operação dos circuitos transistorizados pode ser muito bem aproveitada: jazz, country, amplificação para contrabaixos, death metal e diversos outros estilos.

O que é amplificador?
A guitarra depende de uma amplificação para aumentar o sinal gerado pelos captadores. O amp usa energia elétrica fornecida por uma fonte externa, empregando a voltagem do sinal originado na guitarra para transmitir aquela energia ao alto-falante. Amplificadores operam de três maneiras: com válvulas, transistores e circuitos digitais. Os processos e as características do som amplificado são diferentes em cada caso.

Gabinete
Combos – Também conhecidos no Brasil como cubos, os combos apresentam chassi e alto-falantes no mesmo gabinete. A maior vantagem é serem compactos e portáteis. Sua maior deficiência é o baixo rendimento em freqüências graves. São muito usados em gravações, mas podem também ser usados em shows.
Cabeçotes – São amplificadores sem os alto-falantes no mesmo gabinete.
Stacks – É a combinação de cabeçote com duas caixas, colocadas uma sobre a outra. As vantagens dos stacks são melhores graves, maior possibilidade de potencia total dos alto-falantes e maior dispersão sonora. Suas desvantagens são o peso e a dificuldade de transporte.
Half-Stack – Costuma-se também usar o cabeçote com apenas uma caixa. Essa configuração é chamada de half-stack.

Controles
Há basicamente dois controles para amplificação para guitarra: “Estilo antigo”refere-se aqueles que possuem apenas um canal e não tem volume máster. Possuem baixo ganho e só conseguem boa saturação quando em volumes altos.
Já os amps de estilo moderno, além de terem controle de ganho e volume-master, oferecem ganho alto, altas doses de distorção, mesmo em volumes baixos, e alguns efeitos embutidos.
 
O que é canal?
São estágios de pré-amplificação que possuem controles independentes de graves, médios, agudos e volume. Cada canal pode ser ajustado com um timbre diferente, e assim, torna-se possível mudar rapidamente de um som para outro, por meio de chaves ou footswitch. Os amps modernos costumam oferecer dois canais ou mais.
 
O que é volume máster?
É um controle global de volume. A vantagem de termos controles de ganho e volume-master são evidentes. Quando queremos um som limpo, devemos colocar o ganho em um nível baixo e controlar o volume final com o botão de volume-master. Por outro lado, se queremos um som mais sujo, mas com o mesmo volume anterior, colocamos o ganho em um alto nível e o volume máster em um nível menor do que o ajuste anterior.
O volume-master equilibra o som.
 
Chaves de potencia – Alguns amps, na maioria valvulados, possuem uma chave de potencia que serve para diminuir a potencia do amplificador – por exemplo de 100 watts para 50. Quando o guitarrista vai tocar em um lugar grande, o amp pode ser ajustado para 100 watts. Já imaginou o volume dessa regulagem em um lugar pequeno? Para isso, selecione a opção de 50 watts.
 
Controle de presença – Realça os harmônicos de freqüências medias ou agudas.
 
Chave de brilho – Semelhante ao controle de presença, dá ênfase aos agudos.

Contour - É um controle de acentuação e atenuação dos médios. Age de forma mais radical do que um controle de médios normal. Costuma vir no canal sujo, para produzir timbres distorcidos mais agressivos.

Válvulas ou transitores?
A principal diferença entre válvula e transistor é a forma de transferencia interna de sinal. Na válvula, este sinal é enviado por meio de um gás e, no transistor, por intermédio de um material semicondutor sólido - por isso solid state. Veja quais são os prós e os contras dos amps valvulados, comparando-os com os transistorizados:
Prós

- A transição entre som limpo e distorcido é mais suave do que nos aparelhos transistorizados.
- Apresentam maior faixa dinâmica, já que a válvula demora mais para entrar em distorção e comprime gradativamente o som. O transistor responde de forma brusca.
- A distorção natural das válvulas é mais bonita e musical porque, ao distorcer, elas geram apenas os harmônicos pares, enquanto os transistores produzem todas as ordens de harmonicos.

Contras
- As válvulas devem ser substituidas com frequencia, pois sofrem desgastes. Além disso, são muito mais caras que os transistores.
- São equipamentos mais suscetíveis a ruídos e microfonias.
- Os amps valvulados são pesados pois possuem transformadores de força maiores e um transformador de saída.
- São mais frágeis, porque as válvulas não suportam impactos.
- O custo é mais alto, tanto para aquisição quanto para manutenção.

Equipamento em rack
Os sistemas de rack apresentam módulos separados de potência, pré-amplificador e periféricos. O formato em rack possibilita a utilização de equipamentos de marcas e sons diferentes, ampliando as possibilidades sonoras. É um sistema prático para shows e gravações, pois podem ser controlados por uma pedaleira MIDI.

Amplificadores híbridos
Amplificadores híbridos são aqueles que misturam válvulas com transistores em seus circuitos. Aliam as vantagens das duas tecnologias e possuem um preço menor que um amp totalmente valvulado.

Power Válvulado e pré-amp transistorizado
O pré-amp transistorizado permite recursos e ganhos maiores a um custo menor. A potência valvulada é ideal para distorções e compressões vintage. A desvantagem da distorção do power é que ela só ocorre em volumes alto. Esse problema é contornado distorcendo o sinal no pré. Como o pré-amp é transistorizado, obtemos uma distorção típica dos pedais e perde-se muito do som valvulado.

Pré-amp válvulado e power transistorizado
O pré-amp válvulado preserva o timbre característicos da válvula. A potência transistorizada amplifica sem alterar o som do pré. Porém, ao contrário do power válvulado, o som não fica bom em volumes altos, porque a distorção dos transistores não tem boa qualidade. Contorna-se essa dificuldade produzindo a distorção nas válvulas do pré-amp e aumentando a potência do power, para que seja possível utilizá-lo abaixo do limiar da distorção dos transistores.

Pré-amp híbrido e power transistorizado
Chamamos de pré-amps híbridos aqueles que utilizam uma válvula para o canal sujo e transistores para o canal limpo. É a forma mais barata de produzir um som com tempero vintage, mas não chega a convencer os guitarristas acostumados com amps valvulados. É uma configuração cultuada por curtidores do som pesado.

Potência - Saída
O power, ou potência, é o circuito responsável pela amplificação final do som - sua função é entregar o sinal de áudio amplificado ao alto-faltante(s). A potência de saída é dada em watts RMS. Quanto maior este valor, maior a potência do power. Ele pode ser valvulado, transistorizado ou híbrido.

Pré-amp
O pré-amplificador, como o nome indica, é o circuito usado antes do power. Ele é responsável pela amplificação do sinal do instrumento para o power. O pré discrimina o que é grave, médio, agudo e volume. Também pode ser transistorizado, valvulado ou híbrido.

Transformador de Força
O transformador de força é o componente responsável pelo fornecimento das voltagens necessarias aos diversos estágios (pré, power, etc) do amplificador. Ele pode ser um componente diminuidor de tensão em amps transistorizados. Para os valvulados, o transformador de força abaixa a tensão para acender os filamentos das válvulas e eleva a tensão para que elas funcionem. Muitos amplificadores possuem uma chave seletora manual para escolher a voltagem necessaria; em alguns amps esse chaveamento é automatico.

Transformador de saída
Os amplificadores valvulados necessitam de transformador de saída. Ele é necessario para efetuar o casamento de impedância entre as válvulas de saída e os alto-falantes. A impedância das válvulas é alta, normalmente entre 5 quiloohms e 100 quiloohms, e os alto-falantes possuem impedância de 4, 8, 16 ou 32 ohms - os mais comuns apresentam 4 ou 8 ohms. O transformador de saída tem uma resposta não-linear, gerando modificações no timbre. Assim, são responsáveis também pelas diferenças sonoras entre amplificadores valvulados e transistorizados.

Um comentário:

  1. Esta materia é da Guitar Player de junho de 2004. Favor dar os devidos créditos ao(s) autor(es) sempre que postar algo.

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